LatAm Tech Weekly
#2 - Tarifas x PE & VC, VC em LatAm no 1T 2025, transações da semana... e muito mais!
Escrevo semanalmente sobre o que está acontecendo no ecossistema de tecnologia da América Latina. Durante o dia, trabalho no Itaú BBA, assessorando empresas de tecnologia de médio porte em suas próximas transações estratégicas. À noite, estou sempre lendo e aprendendo mais sobre tecnologia em geral (no momento, com foco especial em IA). Nos fins de semana, é hora de escrever a LatAm Tech Weekly.
🚨 NOVIDADE: Depois de muitos pedidos, decidi lançar hoje uma versão em português — e mais leve — da LatAm Tech Weekly! Ela é pensada para quem está começando a acompanhar o mundo tech ou simplesmente prefere se atualizar em português. Só um lembrete: a versão original continua firme e forte — publicada todo domingo e disponível no site da Nasdaq.
Essa nova edição em português será traduzida por IA e adaptada em um formato mais simples. Importante: se você já assina a newsletter original, não será automaticamente inscrito nessa nova versão.
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E como sempre — é 100% gratuita. Nunca cobrei pela newsletter, e isso não vai mudar. O objetivo é simples: compartilhar conhecimento e destacar tudo o que está acontecendo no ecossistema tech da América Latina!
Boa noite! Pronto para a semana que chega?
Como comentado na semana passada, as tarifas deixaram de ser um risco distante para se tornarem protagonistas no cenário econômico. A incerteza causada por essas medidas já está afetando diversos setores da economia.
Apesar de celulares e computadores terem recebido uma isenção temporária de 90 dias, o Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, anunciou que novas tarifas sobre eletrônicos fabricados na China — como iPhones e notebooks — devem entrar em vigor nos próximos dois meses. Essas tarifas fazem parte de um plano mais amplo para fortalecer a produção nacional em áreas estratégicas como semicondutores (chips essenciais para eletrônicos) e medicamentos.
Como resposta, a China aumentou as tarifas sobre produtos americanos para até 125% e estuda outras formas de retaliação, como proibir empresas dos EUA de operar no país ou restringir exportações de minerais raros — insumos essenciais para a indústria de tecnologia.
Os mercados reagiram com bastante volatilidade. O índice S&P 500, que mede o desempenho das maiores empresas dos EUA, caiu mais de 10% desde que Trump voltou à presidência. Alguns economistas já alertam sobre o risco de recessão caso as tensões comerciais continuem aumentando…
Para quem quiser entender melhor esse impacto nas empresas e investimentos, a PitchBook publicou uma boa análise sobre como as tarifas estão influenciando o setor de private equity — um tipo de investimento em empresas que ainda não abriram capital na bolsa. Os investidores estão mais cautelosos, principalmente em setores como manufatura, que são mais afetados por tarifas. Muitos fundos congelaram negociações, adiaram planos de expansão e estão analisando mais de perto os riscos nas cadeias de suprimentos.
Algumas empresas estão comprando estoque antecipadamente ou tentando usar estratégias de “engenharia tributária” para reduzir o impacto das tarifas. Outras estão simplesmente esperando mais clareza sobre o cenário econômico.
Mas nem todos os setores estão sofrendo da mesma forma. Empresas de serviços — como softwares para empresas (enterprise software), inteligência artificial (AI) e consultorias de saúde — continuam ativas, já que são menos impactadas diretamente por tarifas de importação (por enquanto)…
Seguindo em frente: a CB Insights acaba de publicar o relatório The State of Venture – Q1 2025 (“O Estado do Venture Capital – 1º trimestre de 2025”), e a principal conclusão é clara: os investimentos voltaram, mesmo com menos negócios fechados.
O total global de investimentos em venture capital (capital de risco) chegou a US$ 121 bilhões no trimestre — o maior volume desde o segundo trimestre de 2022. Um terço desse valor veio de um único negócio: a captação de US$ 40 bilhões da OpenAI. Isso reforça o que vem ficando cada vez mais evidente — existe o mundo da inteligência artificial (AI) e todo o resto.
Hoje, 20% de todos os investimentos de venture capital no mundo vão para empresas de AI — o maior percentual já registrado. Esse número dobrou em apenas três anos, desde que a OpenAI lançou o ChatGPT em 2022.
O cenário de saídas (exits) também mostrou força. No primeiro trimestre de 2025, houve 12 aquisições bilionárias, superando todos os trimestres anteriores. A maior delas foi a compra da Wiz pelo Google, por US$ 33 bilhões — a maior aquisição já feita de uma empresa privada financiada por venture capital. Juntas, essas 12 operações movimentaram US$ 56 bilhões.
Na América Latina, os investimentos em venture capital somaram US$ 900 milhões no trimestre. O setor de fintechs (empresas de tecnologia para serviços financeiros) continua liderando, com US$ 600 milhões captados. Negócios em estágio inicial representaram 64% da atividade. O maior investimento foi para a mexicana Plata, que captou US$ 160 milhões. O Brasil foi o mercado mais ativo da região, com US$ 400 milhões, seguido do México, com US$ 275 milhões.
Itaú Unibanco lançou um centro de pesquisa sem fins lucrativos em parceria com universidades como MIT, Stanford e USP. O foco inclui IA, computação quântica, neurociência, robótica e mais, com 50 projetos ativos. 🇧🇷
Itaú lidera o ranking do LinkedIn como a melhor empresa para desenvolver carreira no Brasil pelo 7º ano consecutivo, seguido por Bradesco, Vale, Mercado Livre e Dow. 🇧🇷
inDrive expandiu sua vertical financeira, inDrive Money, para o Peru. A solução oferece empréstimos com base na renda dos motoristas e é apoiada por uma linha de crédito de US$ 150 milhões. Brasil e Chile estão entre os próximos mercados no radar. 🇵🇪
TerraMagna lançou a TM Digital, uma plataforma de gestão de risco para crédito no agronegócio. A meta é administrar R$ 18 bilhões em exposição, por meio de ferramentas tecnológicas de análise, monitoramento e liquidez. 🇧🇷
Meta apresentou o Llama 4, seu novo modelo de inteligência artificial open source. Com as versões Scout e Maverick, a empresa afirma superar o desempenho do GPT-4o e Gemini Flash em benchmarks importantes. 🇺🇸
Mottu alcançou R$ 1 bilhão em receita recorrente anual (ARR), com mais de 100 mil motos alugadas e fluxo de caixa positivo. Agora, prepara sua entrada no crédito e expansão internacional. 🇧🇷
Nazca e Bridge, dois dos principais fundos de venture capital do México, anunciaram fusão para ampliar a atuação em startups early-stage na América Latina. Juntas, as gestoras somam US$ 320 milhões sob gestão e pretendem lançar o Nazca Fund IV ainda em 2024, com foco em fintechs, healthtechs e e-commerce. 🇲🇽
Nomad atingiu R$ 500 milhões em receita anual recorrente e chegou ao breakeven pela primeira vez. A empresa agora vai focar na expansão de sua oferta de produtos no Brasil. 🇧🇷
A16z está em conversas para levantar US$ 20 bilhões — mais do que todo o volume captado por outros fundos de venture capital até agora em 2025. 🌎
Bancos brasileiros preveem investir R$ 47,8 bilhões em tecnologia em 2025, com destaque para IA generativa, Pix e Open Finance. A maioria das instituições já registra ganhos de eficiência superiores a 11%. 🇧🇷
General Atlantic planeja ampliar seus investimentos na América Latina em 2025, citando valuations atrativos e startups mais maduras. Riverwood e Endeavor também demonstraram otimismo, ainda que com mais seletividade. 🌎
Juspay captou US$ 60 milhões em uma rodada Série D liderada pela Kedaara Capital. A empresa quer escalar sua plataforma de pagamentos e abriu escritório em São Paulo para liderar a expansão na América Latina. 🇮🇳
Sebastian Mejia deixou a presidência da Rappi, mas continuará no conselho. Cofundador da empresa, liderou a operação por quase uma década. O sucessor ainda não foi anunciado. 🇨🇴